De um certo modo, nós sabemos muito pouco sobre os alimentos que ingerimos. Pouca gente sabe, por exemplo, que o tomate -apesar de ser fruta – é um dos vegetais mais consumidos em todo o mundo. Mas você sabe dizer de onde veio o tomate? Ele sempre esteve por aí? Não. O tomate tem uma história bem curiosa e é isso que eu pretendo contar aqui neste post.
Curiosamente, a batata -acredite se quiser! – faz parte da família do tomate. Não só ela, como a pimenta, a berinjela e o pimentão. (eu esperava que o chuchu também fosse, mas este não sei se é)
Não há um consenso entre os estudiosos das origens dos vegetais de onde veio o tomate exatamente. Alguns especialistas defendem que os tomates foram introduzidos no mundo através do povo Inca no Peru que cultivavam espécies nativas, ainda silvestres do fruto que daria origem a todas as variações posteriores. Este tomate original se chamava Lycopersicum cerasiforme.
Outros especialistas apostam que o tomate surgiu no México, terra onde abunda este tipo de planta.
O tomate pertence a um extenso rol de alimentos da América pré-colombiana totalmente desconhecidos do Velho Mundo antes das grandes navegações, do qual fazem parte o milho, vários tipos de feijões, batatas, frutas como abacate e o cacau (de cujas sementes se faz o chocolate), afora artigos de uso nativo que se difundiram, como o chicle (seiva de Sapota (ou sapoti)) e o tabaco. Estes alimentos só chegaram ao velho mundo no século XVI.
Inicialmente o tomate era tido como venenoso pelos europeus e cultivado apenas para efeitos ornamentais, supostamente por causa de sua conexão com as mandrágoras, variedades de Solanáceas usadas em feitiçaria. Sómente no século XIX é que o tomate passou a ser consumido e cultivado em escala cada vez maior, inicialmente na Itália, depois na França e na Espanha. Durante este século, os europeus que retornavam da América após as viagens ao novo mundo, levaram ao velho mundo a fruta vermelha, que imaginavam ser venenosa.
Nos EUA, o mesmo era tida como veneno e as pessoas morriam de medo dos frutos vermelhos, talvez por uma associação direta com o sangue ou pela mandrágora como dito anteriormente.
Nos Estados Unidos, o tomate foi temido até o ano de 1830, quando um sujeito chamado Robert Johnson subiu nas escadarias da prefeitura de Salem em New Jersey e comeu um tomate inteiro, para espanto total da platéia que assistia ao macabro ritual de “suicídio”.
O povo permaneceu ali, parado por vários minutos esperando que Johnson morresse com o veneno do tomate, mas como isso não aconteceu, as pessoas perceberam que o tomate era um fruto totalmente sem risco e dali em diante o tomate começou a se popularizar nos Estados Unidos.
Quando os tomates chegaram no Velho mundo, ainda não se sabia o que fazer com eles, uma vez que eram muito ácidos para comer como fruta. Foi aí que um chef da corte espanhola chamado Antonio Latine resolveu usar o fruto misturando tomates, cebolas e óleo de oliva para criar um molho. Estava criado o primeiro molho de tomate e daí em diante a popularização do fruto cresceu exponencialmente.
Hoje, segundo dados da Embrapa (2002) o volume produzido no país é cerca de 1,28 milhão de toneladas, em uma área de 18,25 mil hectares. Portanto, a produtividade média é de aproximadamente 70 toneladas por hectare. No mundo o maior produtor mundial da fruta é a China, seguida pelos Estados Unidos. De certo modo isso é uma vergonha para o Brasil, já que temos o clima e as condições mais favoráveis do planeta para a plantação do fruto (taxa de insolação+água em abundância, terra fértil e grande área cultivável) e estamos na nona posição mundial no ranking, atrás do Egito, do Irã e da Turquia.
O Brasil ostenta a nona posição no ranking com uma safra de 3,3 milhões de toneladas em 2006, conforme informações da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) mas é o terceiro na questão da produtividade. Recentemente inovações tecbnologicas permitiram ao país melhorar suas médias e é possível que no futuro subiremos no ranking de produção.
Mas vergonha mesmo é quando nos damos conta que o nosso Brasil, tão rico e propício para o plantio de alimentos, não só é um péssimo exportador de tomate (praticamente não exporta) como precisa IMPORTAR molho de tomate para atender a demanda interna. Em 1997, as importações brasileiras somavam 70 mil toneladas, sendo que 34 mil toneladas vieram do Chile, de acordo com o USDA (departamento de agricultura dos EUA).
Explicar por que o Brasil não é o maior exportador de tomate no mundo é simples. As razões para essa baixa inserção no mercado internacional são: alto custo do produto nacional, grande distância dos principais países consumidores e barreiras ao comércio externo. Os custos são altos em função de impostos, dificuldades em obtenção de créditos agrícolas, falta de especialização e profissionalização, e alto custo da fruta, uma vez que mesmo com todos os avanços obtidos na produtividade do tomate na última década, o tomate nacional custa O DOBRO do tomate chinês e norte americano.
Isso sem falar que o comércio de tomate fresco é bastante regionalizado e dificilmente ocorre entre continentes. Estudos revelam que mais de 90% das hortaliças frescas (não só tomate) do mundo são consumidas em um raio de até 1.000 km do local de onde foram produzidas. Se o Brasil passasse a investir mais no setor de exportações do fruto fresco, o mercado seria restrito à América do Sul e, mesmo assim,
a distribuição para muitas das importantes cidades de países vizinhos seria complicada. Buenos Aires, por
exemplo, fica a mais de 2.000 km de São Paulo. Produtores de Santa Catarina poderiam ser favorecidos pela
menor distância até a Argentina, mas a colheita nesse estado é quase toda concentrada no verão, quando
nossos hermanos também colhem. Além disso, o aumento produtivo tem que ser visto sob uma ótica de mercado pois o maior consumidor de tomate na América do Sul e o Brasil.
Atualmente, o maior fabricante de molho de tomate é a itália. Mas há pouca plantação de tomate na Itália. O que ocorre é que os italianos compram o tomate dos Chineses, processa, converte em molho e exporta para toda a Europa. Outro fator que ajudou a popularizar e expandir o tomate foi o sistema de fastfood que atingiu todo o mundo.
Podemos observar que praticamente a maior parte dos sanduíches contém o fruto. Além disso, se considerarmos o uso em molho especial+ketchup somado ao molho de pizza e tudo mais, entenderemos por que são consumidos anualmente 700 mil toneladas!
O tomate só é superado pela batata em termos de consumo e plantio mundiais. Dá pra entender quando vemos que cada sanduba do Mc Donald´s vem acompanhado de batata frita, e com 25 centavos você duplica o tamanho da batata!
Uma coisa importante quando falamos em tomate diz respeito ao volume INCOMENSURÁVEL de agrotóxicos usados em seu plantio. Eu vi com meus próprios olhos a quantidade ABSURDA de defensivos usados em plantações de tomate. Um estudo recente da ANVISA detectou que numa amostragem o tomate está entre os três alimentos com amior concentração de VENENO no mercado. Isso é um grande problema de saúde pública, uma vez que -como vimos aqui- os tomates fazem parte da estrutura basica da alimentação de milhões de pessoas. Pelas análises da ANVISa, das 123 amostras analisadas em laboratório, 44% mostrou-se com teor acima do normal de veneno:
O caso que mais chamou a atenção foi o do tomate. Das 123 amostras analisadas, 55 apresentaram resultados insatisfatórios, o equivalente a 44,72%. Nessa cultura, os técnicos encontraram a substância monocrotofós, ingrediente ativo que teve o uso proibido em novembro de 2006, em razão de sua alta toxicidade.Pelo que eu pesquisei, não é possível determinar uma correlação direta entre o consumo do tomate cheio de agrotóxico com doenças ainda, mas sabe-se que este é um mal silencioso e que coma exposição aos defensivos ao longo do tempo, é praticamente certo que teremos efeitos sobre nosso organismo, como o câncer. Segundo a Anvisa, os produtos toxicos encontrados no tomate e outras ortaliças são bem conhecidos pela neurotoxidade e riscos de desregulação endócrina e toxicidade reprodutiva.
Também foi detectada a presença de metamidofós no tomate de mesa, ainda que em teores que não ultrapassaram os limites aceitáveis para a alimentação. Esse agrotóxico é autorizado apenas para a cultura de tomate industrial (plantio rasteiro), que permite aplicação por via área, trator ou pivô central, evitando assim a possibilidade de intoxicação do trabalhador rural.
[...]
Na avaliação do pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Nozomu Makshima, o aumento da contaminação do tomate, que cresceu 42% em relação a 2006, se deve ao “uso pouco criterioso” dos agrotóxicos pelos produtores. “Eles aplicam [agrotóxicos] sem muito critério. Os resíduos permanecem por causa da freqüência com que o produtor aplica, ele não obedece o período de carência”, aponta.
Fonte
Assim sendo, prefira tomates orgânicos, plantados sem agrotóxico. Eles são mais caros, mas não tem veneno.
Seguindo esta tendência a Embrapa Solos (Rio de Janeiro – RJ) realizou experimentos que resultaram no sistema de produção denominado TEC Tomate Ecologicamente Cultivado.Além disso, uma boa idéia é fazer sua própria horta em casa.
A Embrapa Solos conseguiu pela primeira vez, produzir tomate sem resíduo de agrotóxico. E o fato histórico aconteceu em São José de Ubá (região noroeste do estado do Rio de Janeiro). As análises, feitas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), provaram “na ponta do lápis” a pureza do tomate.
fonte
Tomate preto – Já ouviu falar?
Esta eu descobri quando estava pesquisando para este post. Existe um tomate preto. Não sei se é bom, pois nunca comi, mas tenho curiosidade. Pelo menos é bonito. Eu pensaria que o tomate estragou se não soubesse que este é um tipo específico de tomate, um fruto mais sofisticado e usado em receitas caras.
Ele foi desenvolvido através de cruzamentos e seleções genéticas naturais por cientistas italianos. A fruta se chama Sun Black.
O novo tomate, tem uma casca com tom de roxo quase preta e a polpa é vermelha e rica de antioxidantes.
A sua cor se deve à presença de substâncias chamadas antocianos na casca: são pigmentos, presentes em outras frutas escuras como as uvas pretas e beringela, que desenvolvem, uma ação de contraste com os radicais livres. Atualmente no seu segundo ano de colheita, o Sun Black está promentendo ser um sucesso de mercado.
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